Inesperada

É bom ter pessoas próximas de nós, daquelas que mesmo não falando com elas durante uma eternidade, quando voltamos a falar parece que não nos vemos desde à uns dias apenas.
Tarde de hoje, vejo TV enquanto tento descontrair dos últimos dias pejados de centenas de km em estrada.
Toca o telefone, solto um sorriso ao ver o teu nome a surgir no écran, renascida das sombras uma pessoa que por vezes julgo distante mostra que está viva, a sua voz faz-se ouvir e o tempo de separação parece nunca ter existido, a conversa alonga-se, dizes querer apenas ouvir a minha voz.
Acordaste triste, estás num daqueles dias em que tudo parece cinzento.
Brinco com ela (como sempre o fizemos nos nossos delírios de imaginação), consigo roubar-lhe um sorriso, e ganho desta forma o dia. Conversa puxa conversa...
Mas o impossível estava para chegar, eis que do nada surge a explicação para este reaparecimento em forma de chamada e dizes-me:
Liguei-te para conseguir-me levantar da cama, tinha de sentir que há sempre algo pior do que está a parecer a minha vida no dia de hoje! Por isso tinha de conversar contigo para sentir que existe mesmo algo pior!
Sorrio, mas claro mostrando-me indignado, sentia saudades de ouvir essas coisas de ti, porque sim, porque continuas a ter o teu lugar.